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IA nos bancos: eficiência para poucos, desemprego para muitos

A nova onda de automação que atravessa as empresas, inclusive do setor financeiro, impulsionada pela Inteligência Artificial (IA), molda uma lógica de produtividade que ameaça agravar ainda mais as desigualdades no mundo do trabalho. Com o discurso de inovação e democratização de serviços, bancos promovem uma substituição silenciosa, muitas vezes irreversível, de trabalhadores por algoritmos, especialmente em funções de atendimento e consultoria. O caso mais recente é o do Itaú, maior banco privado do país, que anunciou o início de uma nova etapa de digitalização de operação: a possível extinção do cargo de assessor de investimentos, substituído por um agente virtual com inteligência artificial.

A ferramenta, batizada de “Inteligência de Investimentos Itaú”, é voltada para clientes dos segmentos Uniclass e Personalité, com patrimônio entre R$ 50 mil e R$ 300 mil. Ela utiliza processamento de linguagem natural para oferecer recomendações de investimento personalizadas com base no perfil de risco do investidor. Segundo o banco, trata-se de uma solução híbrida, com supervisão humana, que pode democratizar o acesso a orientações financeiras antes restritas a clientes de alta renda.

Mas o alerta está dado. Ainda que apresentada como forma de inclusão e eficiência, a iniciativa representa mais um passo na retirada sistemática de postos de trabalho do setor. Dados do Dieese mostram que, nos últimos anos, os grandes bancos brasileiros têm promovido cortes sucessivos nas folhas de pagamento, mesmo com lucros crescentes.

Em 10 anos, mais de 70 mil vagas foram fechadas no setor, enquanto o número de agências físicas despencou e os canais digitais se tornaram predominantes.

A promessa de que a tecnologia viria para libertar os trabalhadores das tarefas repetitivas cede lugar a uma realidade mais sombria: ela está sendo usada para eliminar empregos, não para melhorá-los. Segundo especialistas, a IA tem potencial para reduzir pela metade os postos de nível inicial em escritórios nos próximos cinco anos. No mercado financeiro global, estima-se que os maiores bancos deverão cortar até 200 mil empregos no mesmo período, em nome da eficiência operacional.

Redação AGECEF/BA