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Bahia participa de evento em Brasília para fortalecer a agenda racial na Caixa

O evento, do movimento Caixa Preta, foi muito mais do que um encontro. Foi um espaço de escuta ativa, troca de vivências e fortalecimento de uma pauta urgente. A construção de políticas efetivas de valorização e promoção da equidade racial na Caixa. A proposta foi estabelecer um protocolo de intenções, definindo os anseios, desafios e caminhos possíveis para tornar a empresa um ambiente mais justo e representativo para os empregados pretos.
Representando a AGECEF Bahia, o diretor Glaucos Sousa destacou as ações pioneiras realizadas pela Associação no Estado, como o projeto “Vozes Pretas da Caixa”, que dá visibilidade a trajetórias de empregados negros, – e a Formação de Lideranças Antirracistas, que já formou diversas turmas, promovendo o debate qualificado e formando quadros preparados para atuar com consciência racial e compromisso social.
“A Bahia tem sido protagonista nesse movimento. Nosso compromisso é com a transformação real, que passa pela escuta, mas também pela ação concreta. Participar de um espaço como esse, com lideranças de vários estados, amplia nosso repertório, fortalece redes e reafirma que estamos no caminho certo”, pontuou Glaucos.
A iniciativa em promover esse tipo de diálogo com a comunidade preta interna deve ser celebrada, mas também cobrada e acompanhada. A realidade ainda mostra que há um longo caminho a percorrer. De acordo com dados do Dieese, o mercado de trabalho continua sendo um espelho das desigualdades raciais estruturais da sociedade brasileira. As pessoas negras enfrentam obstáculos desde a entrada no emprego até a ascensão na carreira, passando por salários inferiores e menor representatividade nos espaços de poder.
Na própria Caixa, por exemplo, apenas 24,2% dos empregados se autodeclaram negros, apesar de negros e pardos representarem mais da metade da população brasileira. E o dado se agrava quando olhamos para os cargos de liderança: apenas 4,8% dos cargos de diretoria nas instituições financeiras são ocupados por pessoas negras, segundo o censo da categoria bancária.
Os números são reflexo de um país marcado pela exclusão racial desde o pós-abolicionismo. Uma exclusão que moldou as estruturas das empresas e se reflete até hoje nas formas de gestão e governança. Um estudo recente intitulado “Governança Corporativa e Diversidade Racial no Brasil: um Retrato das Companhias Abertas” confirma que as lideranças corporativas seguem sendo majoritariamente brancas, e que o acesso de profissionais pretos e pardos a essas posições ainda é exceção.
Por isso, iniciativas como “Caixa Preta” são fundamentais. Elas não resolvem tudo, mas ajudam a romper com o silêncio, a construir pontes e, sobretudo, a lembrar que a diversidade precisa sair do discurso e se transformar em ação concreta e permanente.
Redação AGECEF/BA