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Mais de 10 milhões de lares são chefiados por mães solo

Os dados do Censo 2022 escancaram uma realidade que o Brasil insiste em invisibilizar. Mais de 10,3 milhões de lares no país são comandados por mulheres sozinhas com filhos. Destas, 78% são negras, revelando uma intersecção cruel entre gênero, raça e classe social.

A maternidade solo, no Brasil, tem cor, tem endereço e enfrenta obstáculos estruturais. Quando as mulheres são pretas ou pardas, 72% vivem abaixo da linha da pobreza, expostas à informalidade e à ausência de políticas públicas.

No ambiente de trabalho, o cenário é igualmente grave. Quase 43% das mães solo relatam ter sofrido desrespeito ou violência, contra 37% das mulheres que não vivem essa condição. Ainda mais alarmante, mais da metade afirma já ter aceitado situações inaceitáveis por não ter alternativa. Quando o salário é o que garante a comida, o aluguel e a creche, o silêncio é uma escolha forçada.

Diante desse contexto, a AGECEF Bahia tem manifestado profunda preocupação com a realidade das mães solo, reconhecendo o impacto da desigualdade estrutural na vida das mulheres. Recentemente, a Associação promoveu uma roda de conversa para discutir o tema com as gestoras, reunindo participantes em um espaço de acolhimento, escuta e fortalecimento coletivo.

O evento foi considerado um sucesso por quem participou. Mulheres compartilharam experiências de luta, superação, resistência e também denunciaram o preconceito vivido dentro e fora do ambiente profissional.

Para a AGECEF Bahia, dar visibilidade ao tema é um compromisso. A Associação defende que é urgente a construção de políticas voltadas à proteção das mães solo, que garantam renda, acesso a creches, direitos trabalhistas e dignidade a quem sustenta a base da sociedade brasileira, muitas vezes, sozinha.

Redação AGECEF/BA