Notícia
Julho das Pretas: protagonismo e resistência

Em um país onde a mulher negra segue recebendo os menores salários, acumulando as piores condições de trabalho, tendo acesso restrito a espaços de decisão e as principais vítimas da violência, tocar no tema é fundamental. A cada ano, o Julho das Pretas amplia presença e influência, colocando em pauta as desigualdades estruturais que atravessam raça e gênero, e apontando caminhos coletivos de resistência, memória e transformação.
É nesse mesmo espírito que a AGECEF Bahia se mostra um importante espaço de mobilização dentro da Caixa. Foi em sua sede que nasceu o movimento Caixa Preta, formado por empregados negros da instituição, que se reuniram pela primeira vez em Salvador para reivindicar o que historicamente lhes foi negado: reconhecimento, oportunidades e equidade.
Dessa reunião, emergiu um manifesto potente, que ressoou no ENAGECEF e repercutiu nacionalmente. O grupo propôs ações concretas, como um programa de mentoria para ampliar o acesso de pessoas negras aos Processos Seletivos Internos (PSIs), e passou a promover encontros regulares de apoio mútuo, fortalecimento e encorajamento.
A AGECEF Bahia também avançou no compromisso com a criação e incorporação da Diretoria de Equidade e Inclusão no estatuto de entidade, a realização do curso de letramento racial, oferecendo formações aos associados, inclusive no interior do Estado, e criação do Prêmio Vozes Negras Caixa, homenagem inédita a profissionais negros com trajetórias marcantes e transformadoras.
Aas ações representam passos reais na desconstrução de um sistema que ainda reproduz privilégios brancos. A presença de integrantes do movimento Caixa Preta em peças publicitárias do próprio banco é reflexo de uma mudança em curso, ainda lenta, mas irreversível.
Redação AGECEF/BA