NOTÍCIA


Setor bancário acumula perdas de postos de trabalho

O mercado de trabalho brasileiro segue melhorando, mas o setor bancário, o mais lucrativo da economia nacional, contrasta. Entre janeiro e setembro, o país criou 1,7 milhão de empregos. No segmento financeiro, desconsiderando a categoria bancária — o saldo foi positivo em 15,9 mil vagas.

No entanto, nos bancos, a trajetória é oposta. Nos nove primeiros meses do ano, o setor eliminou 8.807 postos de trabalho. A Caixa tem sido a única exceção, registrando saldos positivos em todos os recortes analisados. Os dados do Novo CAGED (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) confirmam como a digitalização acaba sendo usada como justificativa para reduzir pessoal e precarizar o atendimento, quando deveria gerar oportunidades e melhores condições de trabalho.

As entidades representativas destacam que o processo de reestruturação conduzido pelas instituições financeiras provoca a redução contínua de agências e da força de trabalho, afetando diretamente a qualidade do atendimento. Os bancos migram cada vez mais para o digital, mas isso não significa menos trabalho. Há sobrecarga nas equipes e fechamento de unidades essenciais para a população.

Desde o início da série do Novo CAGED, em janeiro de 2020, o setor bancário acumula a perda de 23,8 mil vagas, reflexo de reestruturações sucessivas e mudanças no modelo de atendimento. Os dados mostram ainda que, nos últimos 12 meses, todas as regiões registraram fechamento de postos, com exceção do Centro-Oeste. As maiores quedas ocorreram no Sudeste (-5.956 vagas), seguido pelo Sul (-2.144), Nordeste (-940) e Norte (-318).

Outro ponto de alerta é o impacto desproporcional das demissões sobre as mulheres: 66% dos postos encerrados em 2025 eram ocupados por trabalhadoras. O cenário aprofunda desigualdades já existentes, especialmente diante da predominância masculina nas áreas de tecnologia.

A análise por idade mostra crescimento exclusivamente entre trabalhadores com até 29 anos, enquanto as demais faixas etárias registram queda, sinal de substituição etária e perda de profissionais mais experientes.

No recorte racial, houve saldo positivo de 104 vagas para pessoas pretas, mas queda de 1.357 para pardos e retração ainda mais expressiva entre brancos (-7.120), grupo que representa 68,5% da força de trabalho bancária.

Em relação à remuneração, o salário médio dos admitidos em 2025 foi de R$ 7.743,43. O número é cerca de 90% do valor médio de quem foi desligado (R$ 8.589,85). Apesar da queda, salário no setor segue muito acima da média nacional, de R$ 2.286,34.

Redação AGECEF/BA