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Banco 100% público, Caixa ainda reproduz desigualdade

A Caixa, único banco 100% público do país e responsável direto pela execução de políticas sociais que alcançam milhões de brasileiros, reproduz dentro do próprio quadro funcional, desigualdades raciais estruturais que marcam o mercado de trabalho brasileiro. Um estudo do Dieese, com base no CAGED do Ministério do Trabalho e Emprego, revela que, embora gerencia programas que combatem desigualdades, a Caixa mantém nas relações internas um cenário de disparidade racial, de renda e de acesso a postos de liderança.

Os dados mostram que a desigualdade está disseminada em toda a estrutura do banco. De acordo com a Rais, 68,5% dos empregados da instituição são brancos, 3,8% são pretos e 23,4% pardos. Mas é na remuneração que a discriminação se aprofunda.

Pessoas brancas representam mais de 72% dos trabalhadores que recebem entre 10 e 20 salários mínimos, e mais de 74% entre os que ganham acima de 20 salários mínimos. Pessoas pretas são apenas 3% nesses grupos. Entre as mulheres negras, a exclusão é maior. Elas estão em menor presença nas faixas salariais mais elevadas.

Mesmo as contratações recentes não foram capazes de reduzir a disparidade salarial. O Caged mostra que, entre 2020 e 2025, houve aumento no número de empregados pretos (529) e pardos (2.325), enquanto o saldo de trabalhadores brancos foi negativo (-983). Porém, o avanço numérico não significa igualdade de remuneração. Homens negros recebem em média R$ 4.229,37, contra R$ 5.563,38 dos homens não negros. Mulheres negras recebem R$ 3.895,45, muito abaixo dos R$ 5.384,96 das mulheres não negras.

As entidades representativas reforçam que, por ser um banco 100% público e estratégico para o país, a Caixa precisa liderar a transformação no combate ao racismo estrutural no setor financeiro. Isso exige políticas afirmativas robustas, programas específicos de formação para ascensão profissional e total transparência nos dados de carreira e remuneração. O compromisso institucional com a agenda antirracista precisa ser permanente.

Redação AGECEF/BA